Já faz mais de uma década o escritor e poeta Rodrigo Souza Leão, precocemente falecido em 2009, resolveu me entrevistar. A entrevista feita na internet foi auto elucidativa e divisão do mérito estava na propriedade sintética das perguntas elaboradas. Nunca mais tivemos contato. 1.Por que tanto tempo parado desde “Impreciso Emigrar”, de 1979?
Na verdade, não há descrição alguma. Cabe todavia uma correção à própria pergunta. Nunca estive parado. Sou somente desconhecido por este meio. Nunca participei de concursos, nunca tive referencias pela poesia brasileira e desse jeito não busquei apadrinhamentos, apesar de hoje reconhecer retrospectivamente o estímulo de Cláudio Willer pra publicar Impreciso Emigrar. Mais pouco tempo atrás, com os comentários incentivadores de Ivan Teixeira. O defeito, e talvez isso suscite controvérsias, é que não acho que a poesia seja uma carreira. No mínimo não pra mim. O escritor lato sensu poderá ser uma profissão.
Mas a poesia entra numa espécie de domínio público no qual a especialidade gera mais limite do que aperfeiçoamento. Portanto o que cabe é constatar que estive, isto sim, longe de um meio nada homogêneo. E exatamente esta característica híbrida e dispersiva do meio poético desestimula cada militância pública. É verdade que em certo momento fizemos um esforço pra aproximar grupos de poesia pela década de 80, em recitais e encontros, porém não desenvolvíamos, naquele instante, identidade suficientemente forte com qualquer gênero de escola poética. Isto é, a poesia, geralmente ofício solitário, induzia mesmo a um grau de misantropia não sanável.
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Some-se a isto um direito desengajamento da poesia política militante e ficará claro que não havia mesmo muito espaço para oferecer aquele tipo de retórica poética. Até hoje é difícil expor a qual gênero pertencia. Alguns a chamavam de surrealista. Mas me ocorre imaginar que efetivamente se tratava de uma poesia ainda inominada.
Não era a concretista, nem ao menos as experiências pós-modernistas, tendências em voga pela data. Alguém chegou a aconselhar que uma “novíssima poesia” estaria eclodindo. Não imagino se era mesmo. E se era ainda não se firmou como tal. Mas ficou no mínimo o adoro de sacudir, com perspectivas criativas e ousadas, a convicção hermética da mesmice.
Que é uma espécie de caretice disfarçada de um formalismo sem significado algum. Confesso que foi um tanto frustrante visto que não houveram desdobramentos significativos os quais normalmente cada autor, sob a previsível ingenuidade, espera perceber. Destarte, a tentativa de procurar experiências na linguagem escrita favorecia a pesquisa do novo, aliás este o autêntico espírito da busca. Da recusa amotinada à eterna repetição.
Eu não poderia ter escapado disto. Não queríamos ou esperávamos ratificação, só perceber até onde e com quanta independência poder-se-ia provar. 2.Como era o recinto poético da puc pela década de 80? Eu cursava filosofia e o local caracterizava-se na bizarra multiplicidade de idéias emergentes, frutos diretos de uma fase de liberação intelectual logo após o declínio relativamente recente da ditadura militar.